Entrevista: Zanin (Billy’n’Silva – Palotina)
Fala, galera! Como é que tá essa força?
Fico muito feliz de apresentar pra vocês a primeira entrevista da Rock do Velho Oeste. Sabem como é, né? A “primeira” entrevista é um marco inicial, então não poderia ser com ninguém menos que uma das pessoas que desempenhou (e ainda desempenha!) um papel bastante importante na cena rock’n’roll de Palotina: o Zanin (ou Júnior), da Billy’n’Silva.
Ele aceitou falar com a gente e gentilmente cedeu seu tempo pra gente trocar uma ideia sobre a Rock D’agosto, a Billy’n’Silva e a cena rock em Palotina. Dá só uma conferida:
Rock do Velho Oeste: Antes de ser a Billy’n’Silva, vocês eram a Rock D’Agosto. Pergunto sobre a Rock D’Agosto porque tenho a impressão de que a cena rock de Palotina deu uma fortalecida depois daquela festa que vocês organizaram. Foi uma espécie de “marco” na cena.
Zanin: No começo da Rock D’Agosto, eu e o Leandro (Hendges) nos reuníamos às segundas-feiras pra fazer um churrasco e tocar violão. Tínhamos, além da música, afinidade porque andávamos de moto na trilha juntos. Nessa época, o Sinuê (Giacomini) já andava junto com a gente. E eu conhecia o Perna (Arnaldo Jr.) que era baixista. Logo depois, conheci o Pinduca (Carlos). Eu e o Pinduca decidimos montar a Rock d’Agosto. O Pinduca me foi apresentado pelo Vini (Pelin) no estúdio. Eu cheguei lá no estúdio com o Bonfim (Fernando), o Vini me viu chegando e falou “Ó, Pinduca, olha aqui o cara do rock’n’roll!
RDVO: Mas é isso mesmo, Zanin. A gente pensa em rock logo em Zanin.
Zanin: Ah, obrigada por me relacionar a uma coisa tão boa, Lu.
RDVO: Rock D’agosto em um trocadilho, é isso mesmo?
Zanin: É, isso mesmo. Porque a primeira festa em que nós tocamos foi em agosto e nós fizemos essa festa em agosto. Me deu essa ideia de botar o nome da festa e aí acabou sendo o nome da banda também. Como nós não tínhamos muita seriedade nos ensaios, o Pinduca achou melhor a gente marcar uma data pra tocar que daí a banda ensaiaria mais sério. Mas marcar uma data como, se a gente ninguém conhecia a gente? Quem que iria chamar a gente pra tocar? Aí a gente fez uma festa, chamou mais uma banda ou duas pra tocar e começamos a banda.
RDVO: Como vocês sabiam se teriam um público pra essa festa?
Zanin: Lu, eu fiz festa a minha inteira, basicamente para os amigos, mas algumas pra outras pessoas. Naquela época a gente já fazia algumas festinhas e rolava um violão, às vezes algumas jam sessions com alguns amigos e até bandas convidadas. Então foi meio que uma coisa a consequência da outra.
RDVO: Foi uma festa entre amigos, só que maior.
Zanin: Isso mesmo.
RDVO: Fico imaginando como foi pra vocês ver que uma galera enorme curtiu as festas e quis mais e mais festas.
Zanin: Eu já sabia da aceitação, porque como a gente sempre se reunião pra fazer música, as pessoas sempre queriam estar junto.. “ah, eu gosto do rock, eu gosto de música assim, me convida pra ir também...”, então já tinha essa aceitação muito grande das pessoas, mesmo muito antes de começarem as festas.
RDVO: Tinha essa cena antes, então... entre amigos.
Zanin: Vamos dizer que a cena estava se formando entre amigos.
RDVO: A Billy’N’Silva tem uma proposta muito diferente da Rock D’Agosto?
Zanin: Não. Só tocamos o que gostamos. Tem uma influência um pouquinho maior minha, pois sou eu que acabo escolhendo as músicas que tocamos, porque são músicas que eu consigo cantar.
RDVO: De onde veio o nome atual?
Zanin: Um dos meus apelidos, por alguns amigos, é Billy. Como Silva é o sobrenome mais abundante no Brasil, foi pra deixar uma coisa meio mista de rock’n’roll e Brasil.
RDVO: Pelo que eu percebo, a formação das bandas aqui em Palotina está sempre relacionada à amizade.
Zanin: É, a nossa banda foi montada na base da amizade e pelo gosto comum em algumas músicas. Minha vida inteira eu fiz um som com os amigos. Sempre gostei de rodas de violão e cantores.
RDVO: E antes disso, Zanin, você lembra de alguma época em que a cena tinha essa força que tem hoje?
Zanin: Não, não me lembro não, Lu. Eu sempre tive a minha turma, sempre conheci o Du Motter, o Bonfim, o Pelin e alguns outros relacionados que tiveram bandas, mas em relação ao rock’n’roll foi mais nessa época agora, que tantas bandas se formaram. E isso que eu gostei do fato de a banda ter dado certo, sabe? Porque estimulou toda essa piazada aí. Eles olhavam pra gente e falavam “os caras estão fazendo um som legal aí, por que nós não podemos fazer também?”.
RDVO: Nós da RDVO vemos a Rock D’Agosto como uma banda “seminal” da cena de hoje em Palotina.
Zanin: É verdade, Lu, acabou sendo um impulso bem grande pro pessoal que já gostava e estava meio encolhido.
RDVO: Você comentou antes que escolhe a maioria das músicas pelo seu alcance vocal. Além disso, tem um certo gênero de rock que você mais curte? Nacional? Internacional?
Zanin: Eu não tenho muito específico o que eu mais curto, Lu, porque eu sou muito eclético. Inclusive em relação a outros tipos de música. Eu curto muito a música brasileira, a música clássica, escutei muito jazz e escuto muito blues, mas mais rock’n’roll mesmo. O principal aí é Pink Floyd, Led Zeppelin, Dire Straits... Aqui no Brasil os Paralamas, Barão, Titãs e por aí vai... É mais ou menos o que a gente acaba tocando hoje. Em relação à escolha de música, não é só por causa do meu alcance vocal. Eu tento escolher umas coisas que eu vejo que fica legal com a banda; ou que eu possa adaptar em uma voz que fique bacana ali. Hoje o pessoal está começando a cantar, fazer uns backing vocals. Antigamente era só eu.
RDVO: O backing vocal que eu ouvi no encontro dos trilheiros... acho que foi o Pinduca que fez. Ficou do caralho!
Zanin: O Barú (Sinuê) tá começando a se soltar no backing vocal e ajudou um pouquinho lá no dia e o Pinduca já fazia algumas músicas comigo já, depois da saída do Lelê (Leandro Hendges).
RDVO: Você acha que já dá pra falar de uma “cena rock palotinenses”?
Zanin: Ah, acho que dá, né, Lu... Melhorou muito. Pena que algumas bandas como a Holligans parou de tocar, o Manu (Emanuel) não tem tocado mais com a banda, mas parece que vai voltar. Eu gostaria de ver esse pessoal mais engajado de novo.
RDVO: Pois é, esse pessoal que veio logo depois da “Rock D’Agosto” deu uma parada. É uma pena não ver tanto o Manu (Emanuel) ou o Zé (Roberto) em ação...
Zanin: Verdade, mas eles estão sempre juntos, às vezes dão alguma palhinha nas terças-feiras e tocam um pouco, no caso o Zé e o Manu.
RDVO: Esses encontros de vocês nas terças-feiras também são parte da história dessa cena, né? É quando os amigos se encontram pra ouvir e tocar rock’n’roll. Daí que provavelmente algumas ideias vão surgindo. Ou estou errada?
Zanin: Está certíssima. Antigamente, estes encontros eram na segundas-feiras lá no Pelin (Pesque-Pague). Aí que começou tudo. Aí, quando saímos de lá, alguns integrantes não podiam mais nas segundas-feiras e a gente começou nas terças-feiras na chácara da minha avó.
RDVO: Legal você falar no Pelin (Pesque-Pague). Também é um local lendário pra cena.
Zanin:Ah, certeza que é sim. O Pelin (Pesque-Pague) foi “o” local pra começar tudo isso porque era um espaço muito bacana e deu oportunidade de a gente começar tudo aquilo, as festinhas, e programar festas com mais gente. Eu acho que foram as melhores que saíram desse tipo foram por lá.
RDVO: Em termos de região oeste, você que Palotina está muito atrás na cena?
Zanin: Não, não acho que está muito atrás da cena, pelo contrário. Pelo tamanho de Palotina, está até à frente da cena. Ao contrário do que as pessoas acham, todo mundo vê o rock’n’roll aí fora mas aqui a gente tem muita gente ligada no rock’n’roll em muita gente boa.
RDVO: Por exemplo... em Marechal Cândido Rondon tinha uma cena mais forte há anos atrás... hoje nem tanto. Tem a Storehouse, por exemplo. Tem as bandas lendárias como Cindi Feijão. Teve o Rondon Calling ano passado. Mas já teve mais.
Zanin:São ondas, né. Mais ou menos como acontece aqui também. A Cindi Feijão veio tocar aqui na primeira festa que eu fiz, antes da Rock D’Agosto ainda, com o Rômulo (Trento) em uma festa que a gente fez lá no Pesque-Pague (do Pelin). Acho que são fases, né. O pessoal de Rondon ainda tá arrebentando. A Storehouse lá, eles arrebentam, aqueles meninos são fora de sério. Mas a cena de lá também aumentou por causa deles, basicamente.
RDVO:Vocês pensam em fazer música autoral, Zanin?
Zanin: Na época do Lelê (Leandro Hendges), a gente fez algumas. Basicamente, ele mesmo que fez. Mas eu te confesso que, dentro da cena do rock e do tanto de música boa que tem pra gente tirar – não fazer cover, mas fazer versões delas, botar a cara da banda, que é mais ou menos o que a Billy’N’Silva e a Rock D’agosto sempre tentaram fazer... assim é melhor do que ficar tentando fazer autoral. Acho que autoral é coisa pra quem tem dom mesmo. E no meio de músicas tão boas, você vai tocar música autoral... às vezes acaba ficando em segundo plano. Eu gosto de fazer um remake, repaginar músicas mais do que me preocupar com autoral. Não sou muito poeta... sou bom com palavras, mas não sou poeta. Não tenho vocação pro autoral.
RDVO: Legal isso de dar a cara da banda pras músicas que a gente gosta.
Zanin: Também gosto muito. Acho que fica mais bacana. Eu sempre falei pro Bonfim (Fernando) que eu não gosto muito da ideia de cover porque ele tira a originalidade da banda, a liberdade, entende? Sempre que a gente tem ideia de alguma música pra tirar, a gente procura ouvir várias versões dela pra ver qual tem mais a nossa cara ou o que nós podemos mudar, fazer, mistura outra música pra fazer uma ponte... Algumas saem bem próximas do original, mas sempre tem um pouquinho de Rock D’Agosto, uma pegada mais forte, uma mudançazinha aqui e ali sempre tem.
RDVO: Eu acho legal essa repaginada, Zanin. É a cara da banda com uma música que a gente já conhece, já gosta, e não fica “mais do mesmo”. Por exemplo, você vai em um festival/festa e lá tem cinco bandas – quatro tocam Killing in the name, ou Roadhouse Blues, ou ainda Born to be wild...
Zanin: Em relação à repaginada das músicas, eu tenho percebido que muita coisa já é cópia do antigo, mesmo sendo música autoral, a grande maioria é uma cópia em partes ou até totalmente. Eu gosto de música autoral, mas acho difícil alguém que realmente produza música autoral. Tem, mas está sumido no mercado. Tem alguns monstros aí, mas não é o que é comercialmente ouvido.
Nós da RDVO agradecemos profundamente o tempo e a atenção do Zanin com a gente e a disponibilidade de responder a todas as perguntas. Em breve, pretendemos trazer mais entrevistas e mais histórias do rock do velho oeste para vocês. Fiquem ligados!
Aproveite para conhecer mais sobre a cena lendo os outros postos já publicados no blog!
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Até a próxima!